Mediação é diferente de Arbitragem
Esse conceito vem sendo cada vez mais debatido e pesquisado no meio jurídico em virtude do aumento do volume de conflitos em todas as áreas do direito civil. A mediação é um meio alternativo de solução de controvérsias, litígios e impasses, onde um terceiro, imparcial, de confiança das partes (pessoas físicas ou jurídicas), por elas livre e voluntariamente escolhido, intervém entre elas (partes) agindo como um “facilitador”, um catalisador, que usando de habilidade e arte, leva as partes a encontrarem a solução para as suas pendências. Portanto, o Mediador não decide; quem decide são as partes. O Mediador apenas utilizando habilidade e as técnicas da “arte de mediar”, leva as partes a decidirem.
É importante diferenciar mediação de arbitragem. Na Mediação as partes têm total controle sobre a situação, diferentemente da Arbitragem, onde o controle é exercido pelo Árbitro. O Mediador é um profissional treinado, qualificado, e que deve conhecer bem o universo das negociações e dos negociadores.
Mediações: conceito basilar da área da comunicação
No Brasil e na América Latina um autor está intimamente ligado ao conceito de Mediação, ou Mediações: Jesús-Martin Barbero. Em seu livro Dos meios às mediações, hoje já um clássico dos estudos culturais e da área da comunicação, "Martin-Barbero propõe, através da incorporação do conceito de hegemonia de Gramsci, a descentralização da observação dos meios como aparatos técnicos para estender o olhar até a experiência da vida cotidiana. Entendendo a comunicação como práticas sociais, o autor utiliza o conceito de mediação como a categoria que liga a comunicação à cultura. As mediações são os lugares que estão entre a produção e a recepção. Pensar a comunicação sob a perspectiva das mediações significa entender que entre a produção e
a recepção há um espaço em que a cultura cotidiana se concretiza. Martín-Barbero (1987, p. 233) sugere três lugares de mediação que interferem e alteram a maneira como os receptores recebem os conteúdos midiáticos. São eles: a cotidianidade familiar, a temporalidade social e a competência cultural.
A cotidianidade é o espaço em que as pessoas se confrontam e mostram como verdadeiramente são, através das relações sociais e da interação dos indivíduos com as instituições. A cotidianidade familiar é uma das mais importantes mediações para a recepção dos meios de comunicação, pois a família representa um lugar de conflitos e tensões que, reproduzindo as relações de poder da sociedade, faz com que os indivíduos manifestem seus anseios e inquietações.
A temporalidade social contrapõe o tempo do cotidiano ao tempo produtivo. Este é o tempo valorizado pelo capital, o que se mede. Aquele é o tempo repetitivo. Para Martín-Barbero (1987, p. 236), a televisão também é organizada pelo tempo da repetição e do fragmento, incorporando-se assim ao cotidiano dos receptores.
Por último, a competência cultural “é entendida como resultante do habitus de classe e relacionada a questões étnicas e de gênero” (RONSINI, 2007, p. 42). Essa mediação diz respeito a toda vivência cultural que o indivíduo adquire ao longo da vida, não apenas através da educação formal, mas por meio das experiências adquiridas em seu cotidiano".
" " Trecho completo retirado do artigo "A Perspectiva das Mediações de Jesús Martín-Barbero no Estudo de Recepção da Telenovela", de Laura Hastenpflug WOTTRICH, Renata Córdova da SILVA, Veneza V. Mayora RONSINI. Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS. Acessivel no site da Intercom: http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2009/resumos/R4-1712-1.pdf
Referências:
HOUAISS, Antonio. Dicionario da Língua Portuguesa.
MARTÍN-BARBERO, Jesús. De los medios a las mediaciones. Barcelona: Gustavo Gili, 1987.
RONSINI, Veneza V. Mayora. Mercadores de sentido: consumo de mídia e identidades
juvenis. Porto Alegre: Sulina, 2007.