terça-feira, 30 de junho de 2009

Diário de Parauapebas: semana decisiva para a pesquisa

Sexta/03 - Comecei a organizar o material coletado e também a arrumar as coisas para a viagem de volta, amanhã. Fui ao cyber atualizar o Lattes do CNPq, e tb tentar, mais uma vez, tentar resolver com o suporte a questão do formulário. Eles não responderam ainda. Respondi então vários emails, gerenciei a obra de SP, fui almoçar com minha prima e depois peguei a Cristiane para subirmos para Carajás. Lá, fui ao banco e a farmácia, resolver coisas cotidianas, quando me deparei com três índios xicrin. Sem pensar muito, perguntei a eles se eles eram Xicrin e se eles queriam carona para ir para a Chácara deles, que fica próxima ao aeroporto. ELes toparam e lá fomos nós, eles eram dois homens entre 25 e 30 anos e havia uma mulher de uns 20 e poucos anos com um bebê de colo. Ela não fla português e tb não fala com a gente. Tentei ser simpática, mas eles foram reticentes. Achei por bem não pedir pra fazer foto, nem fazer muita pergunta. Eles foram quietos no banco, exceto quando um deles pediu pra eu aumentar o volume do rádio. Não houve pro favor nem obrigada, mas foi muito bom partilhar aquele breve momento com eles e poder conhecer onde fica a casa deles.

Quinta/02 - Acordei cedo e decidi ir atrás das pessoas da comunidade Nova Vida. Lá soube do projeto da Escolinha de Futebol. Fui até lá e foi ótimo conhecer o espaço e conversar com o Mauricio, coordenador. Um projeto q hoje atende mais de 1400 meninos entre 8 e 20 anos, oferecendo treino e capacitação, possivel com os recurso do FUNDICAP, mantido pela Vale e administrado pelo CONDICAP - Conselho de Defesa da Criança e Adolescente, em parceria com a agora recém-criada Secretaria Muicipal dos Esportes. Tentei falar na SEMED com a moça responsável pelo Vale Juventude, mas ela já havia saido de férias.

Quarta/01 - A FAPESPA ligou cedo me cobrando os pareceres de alguns projetos de que sou avaliadora. Fiquei um pouco irritada pois estou há uma semana tentando acessar minha área restrita e não consigo. Como já estava irritada com o CNPq q não é capaz de me dar um retorno sobre o formulário de prorrogação, decidi vir para o Cyber fazer os pareceres e esquecer um pouco o CNPq. Agora à tarde, vou procurar a moça do CEDAc q a Sandra comentou ontem. Fui lá e ela não estava. Voltei à tarde e ela tb não estava. Decidi procurar o CEDAC na próxima viagem.

Terça/30 - Acordei cedo e novamente fui levar minha prima na secretaria municipal de saúde. Lá, achei q tivesse esquecido a chave de casa, e aí fui procurar a Cristianne, amiga que divide a casa com minha prima, e trabalha na Sec. Mun. de Assistência Social. Chegando lá, foi um choque ver a multidão que queria se recadastrar no Bolsa Familia, pois hj parece q é o ultimo dia. Procurei-a por todos os lados e como não a encontrei, dei uma olhada de novo na bolsa, e, como um milagre, lá estava a chave. Graças. Daí, fui pra casa, tomei banho e arrumei as coisas para vir para a SEMED. Pela manhã, fiz uma longa entrevista com equipe da Vale Alfabetizar, e a Simone Vilhena, coordenadora, me deu muitas infos importantes para a pesquisa. Fiquei feliz com o resultado. À tarde, encontrei a Sandra, coordenadora do programa Escola que Vale pela SEMED. Foi ótimo conversar com ela e descobrir todas as iniciativas do programa. Dei sorte pois ontem foi o último dia útil delas todas, pois as férias chegaram e eu só não consegui falar foi com a moça do Vale Juventude. NO cmainho apra casa, aproveitei para conhecer a Casa do professor, que fica na rua D, N. 629. É realmente um espaço bem interessante, onde vc vê o resultado das inciativas. À noite, fui a Canaã dos Carajás, cidade que fica a uns 55 km de Peba. A estarada é um tapete, pois é mantida pela Vale. Fico lembrando da estrada de Marabá pra cá e vejo que o problema maiso não são as ções mas a falta delas.

Segunda/29 - Qdo acordei, percebi logo q a bendita voltara com tudo. Mesmo assim, decidi levar minha prima para o trabalho bem cedo, 7h30. De lá, fui ao otorrino. Lá me disseram q tinha q pedir autorização da Unimed. Rodei um pouco pra achar e qdo achei, descobri q meu plano só atende Belém e algumas cidades. Fiquei chateada com a Unimed e isso me fez desistir do otorrino. Decidi então ir a SEMED - Secretaria Municipal de Educação buscar infos sobre projetos da Vale. Descobri o Vale Alfabetizar, mas a coordenadora só estaria na 3a pela manhã. Decidi ir almoçar, e à tarde, fui a comunidade de Palmares II. Lá fui direto a Escola "Crescendo na Prática", onde conversei com uma liderança do MST. Foi ótimo conversar com ele para saber o histórico e o atual momento da comunidade que começou como um assentamento. Percebi a importância, para eles, de ter alguém do PT no comando da prefeitura. Passei no supermercado e vim pra casa, tentar organizar o pensamento. A labirintite voltou forte.

Domingo/28 - Acordei bem mal e decidi ir ao hospital. Fui medicada e aconselhada a procurar um otorrino. O médico passou um coquetel intravenoso e uma medicação para tontura. Fez um calor insuportável. Dormi e acordei no meio da tarde. Minha prima tinha feito um fígado bem passadinho q eu almocei e depois dormi de novo. Os gritos do jogo do Brasil me acordaram e no final da tarde fomos ao centro espírita. Me senti tão bem lá q achei q a labirintite tivesse ido embora de vez. Dormi super bem.

Sábado/27 - Acordamos cedissimo para deixar Isaias na Rodoviária pois ele só veio para me acompanhar nessa longa viagem. E foi ótimo, porque ele conhecia o caminho e os macetes da estrada. Depois, voltamos para casa, fizemos uma arrumação e fomos almoçar. De lá, subi a serra com minha prima Ana, e foi muito bom conhecer tudo com ela. Tirei algumas fotos, e conheci o parque zoô botânico da Vale. É realmente um lugar que não existe, parece a ilha da fantasia. Na volta, a labirintite veio com tudo e eu dormi cedo.

Viagem a Parauapebas - Parte II

Na sexta pela manhã, saimos de Marabá em direção a Parauapebas. Amanheci com uma crise de labirintite que persiste até hj. Isaias dirigindo, e eu tentando olhar e entender essa paisagem. A estrada Marabá-Parauapebas é uma vergonha. A pior de todas. O que poderia ser uma viagem tranquila de 2 h e meia, se transforma em 3 ou até 4 por conta dos buracos e das pontes, algumas em via única, perigosas de passar. Além do que, é uma estrada sem muitas comunidades ao lado, o que dá uma sensação de
isolamento maior. Passamos por ELdorado (onde pude ver o monumento ao massacre dos sem-terra), pela entrada de Serra Pelada e por Curionópolis. É como passar por locais símbolo de toda história recente do Brasil, como se fosse um filme. Mas nada se compara a Parauapebas. Logo ao chegar, percebi que "Peba" é uma cidade que pulsa. Muita gente, muito carro, indo e vindo, e uma organização urbanística mais mapeável do que Marabá. Chegamos, encontramos minha prima na churrascaria Gaucha e fomos almoçar no Brucutu. Que bom poder encontrar um lugar limpo, confortável e com boas saladas para comer. Mesmo que a labirintite não tenha dado trégua, fui com Isaias a Estação Ferroviária, a Oyamota e ao SENAI. Foi ótimo ficarmos a tarde conversando com um e com outro, de forma a eu começar a me ambientar e localizar na cidade.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

A Viagem a Parauapebas. Parte I

Finalmente, com a diminuição das chuvas, pude pegar a estrada para Parauapebas. Saimos de Belém, Isaias e eu, por volta das 8h da manhã. Decidimos não ir pela Alça Viária por conta dos buracos, mas essa decisão nos custou um bom tempo a mais. Assim, pegamos a BR-010 (Belém-Brasilia) e passamos por Castanhal, Santa Maria, São Miguel do Guamá, Mãe do Rio, Paragominas, Ulianópolis (onde almoçamos) e Dom Elizeu. De Paragominas para Ulianópolis não há infra estrutura alguma. É tudo muito deserto, apenas fazendas e queimadas de um lado e de outro. E o trecho entre Ulianópolis e Dom Elizeu está muito esburacado, o que nos fez perder bastante tempo. Ali, por volta das 14h30 pegamos a PA-275 em direção a Marabá. Essa estrada está ótima, menos as pontes, que são de madeira ou ferro, esburacadas e nada seguras. É uma aventura passar por elas. Passamos por várias cidades, que nos mostram uma outra lógica urbana e cultural diferente das cidades da Belém-Brasilia. São quase três horas passando por Rondon do Pará, Bom Jesus e muitas outras. Chegamos a Marabá ao final do dia, por volta das 18h.
Passamos pela ponte que atravessa o rio Tocantins, com a linha de trem ao centro. A cidade de Marabá daria um estudo de urbanismo pois não há lógica alguma em sua construção. São três cidades em uma: Velha Marabá, Nova Marabá e Cidade Nova. Uma grande cidade, espalhada e fragmentada por uma topografia de partes baixas e altas, alagadiças, que entremeiam as aglomerações urbanas caóticas por falta de infra-estrutura viária, falta de sinalização e falta de organização urbanística. É incrível a incompetência do poder público deste lugar. Ao mesmo tempo, é uma cidade que pulsa, com gente de todos os lugares do Brasil, e forte economia em expansão. Eis as fotos: