domingo, 23 de agosto de 2009

Entre o Ideológico e o Político - Parte II

Dando sequência ao pensamento do primeiro post sobre as diferenças entre o ídeológico e o político, voltemos o foco para a ideologia que também persiste na célula central do capitalismo, que são as empresas. Quando Marx cunhou seu pensamento sobre ideologia, à época ele se referia justamente ao conservadorismo das burguesias industriais, a direita liberal que via no mercado o supremo regulador da economia. Hoje, é corrente no discurso empresarial uma certa repulsa a tudo o que eles consideram "ideológico", termo associado aos movimentos ditos de esquerda, sobretudo os movimentos sociais com posturas mais ativistas como o MST - Movimento dos Sem Terra. Ora, ao deslocar o "ideológico" apenas para organizações que são contrárias em alguma medida a forma de atuação das empresas, estas incorporam o discurso da eficiência técnica como parâmetro para suas decisões. Mas isso apenas acontece no nível discursivo, pois o que as empresas e os defensores da economia de mercado (políticos, ONGs, líderes de opinião, religiosos etc.) dissimulam é que, no fundo, a governança e o poder decisório está sempre à mercê dos interesses e objetivos nem sempre tão transparentes das corporações ou dos setores que atuam globalmente. Ou seja, essa crença na técnica com sua feição imparcial, detentora do conhecimento puro, capaz de distinguir cientificamente o que é melhor para um coletivo, também é uma ideologia pois brota da crença de que a administração ou a gestão dos desafios humanos (muitos, no plural) devem ficar a cargo de especialistas (poucos), que são investidos de legitimidade pelo discurso competente da ciência. para criar modelos técnicos que devem ser seguidos disciplinarmente por todos. Mas o mercado é um mar bem mais revolto do que outras dimensões sociais. Aqui há a concorrência, há uma corrida constante pela atualização tecnológica e há o consumidor: peça surpresa e cada vez mais importante nesse processo. Mesmo em setores cartelizados, onde o consumidor não adquiriu ainda os direitos mínimos necessários para uma relação comercial justa (como é o caso do setor de telefonia celular), o consumidor exige investimentos e pode provocar muitas dores de cabeça as empresas. A exigência por resultdos e produtividade torna o mercado um espaço onde a eficiência é e será sempre cobrada, agora ainda mais com a exigência da sustentabilidade das atividades. Hoje vista como um processo técnico na maioria das empresas, trata-se de um desafio próximo perceber se a sustentabilidade terá um viés mais ideológico ou político nas corporações. Se ela for encarcerada em preceitos técnicos, reduzida a um discurso fechado de propaganda, e cujo não cumprimento pode culpabilizar empregados, ela tenderá ao ideológico. Mas se as empresas forem capazes de realmente abrir o espaço para a discussão, onde argumentos claros visem a persuasão de todos os envolvidos no processo, os chamados stakholders, entendido como espaço de diálogo/conflito, espaço vivo de experiências, e a empresa tiver a ombridade de escutar e incorporar as críticas e sugestões em suas atividades, aí sim teremos uma aborgdagem política da sustentabilidade. Por enquanto, o que temos é ainda um processo embrionário nas empresas de de aprendizado. São modelos de gestão, hierarquias, hábitos e modos cristalizados de pensamento empresarial que estão sendo sacudidos por essa onda sustentável, hoje presente fortemente nas grandes empresas. E é delas que vêm exemplos significativos, pois como há ONGs e ONGs, Movimentos Sociais e Movimentos Sociais, há empresas e empresas, e a necessidade do bom exemplo, como Natura, Banco Real e Burti no caso do mercado brasileiro. O próprio Wal Mart, corporação global, sempre demonizado como a empresa mais representtvia da exploração capitalista, está tentando imprimir mudanças profundas em seus dogmas de gestão, no sentido de se tornar uma empresa "verde". E aqui é uma outra armadilha da sustentabilidade, a da balança que pesa apenas o ambiental, em nada ou pouco se preocupando com o social, muitas vezes confundindo-o com filantropia. E na Amazônia esse quadro fca ainda mais complexo, porque há mais riqueza, iteresses e visibilidade em jogo. De qualquer forma, é fato que a crença na hegemonia da técnica, que se caracteriza pelos procedimentos homogêneos de gestão (um exemplo disso é a área de Recrusos Humanos ou Gestão de Pessoas) é extremamente perigoso porque também é ideológico e não permite o pluralimso, o questionamento, a idéia contrária, em nome da imperiosa e lucrativa uniformização dos processos produtivos.

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