terça-feira, 29 de setembro de 2009

Os desafios da pesquisa de campo

O maior desafio que tenho enfrentado na pesquisa de campo não são a distância de Parauapebas em relação a Belém, as más condições das estradas, o desconforto do desconhecido, ou mesmo a dificuldade em conseguir contactar as pessoas e agendar as entrevistas. Diria que a maior dificuldade reside em encontrar o viés correto, o posicionamento que não crie expectativas equivocadas junto aos entrevistados com relação a pesquisa. Como não acredito na neutralidade nem na total isenção do pesquisador, e ao já ter conversado com inúmeras pessoas, de diferentes origens sociais, representações institucionais e posicionamentos políticos, tenho me movido por uma linha tênue e extremamente difícil de opiniões muito divergentes a respeito da mesma situação. Acho q vim mexer em casa de marimbondo e a chance de sair machucada disso é grande. Por nunca ter me filiado a partidos políticos ou grupos institucionalizados dentro ou fora da universidade, hoje me questiono se o preço a pagar por tanta independência não será alto demais. Apenas uma coisa vai ficando clara para mim. Sobre o tema de minha pesquisa, não há uma única e pura verdade. Há os fatos, mas mesmo esses não deixam de ser uma construção signica, uma representação social - daí certa desconfiança minha com a estatística. Percebo que o caminho da razoabilidade, que entendo como a racionalidade com bom senso, pode ser a minha única chance de realizar uma pesquisa não dogmática ou ideologizada. Como espero terminar o campo até quinta no máxima, espero ter essas questões mais claras no próximo post.

Um comentário:

  1. Con,
    Você entrou nesse trabalho de Pós Doc, com a determinação de sair da selva de pedra que é São Paulo e pisar na lama que é produzida pela extração de minério no solo amazônico.

    A publicitária urbana se transformou em antropóloga cabocla, que se depara com mil discursos antagônicos, de atores socioambientais que desmentem o axioma werberiano da neutralidade científica.

    Sua presença em si, não acirra os conflitos, nem cria o consenso, mas desvela uma realidade societária tão dinâmica e fundamental, quanto aquela que se dá no eixo São Paulo-Rio e mais do que isso, apresenta-nos uma faceta de suma importância da nova divisão social e internacional do trabalho, que é o desafio da sustentabilidade na Amazônia.

    Bjs. Sílvio di Sant’Anna

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