As falas e debates da tarde do 2o dia não foram tão interessantes quanto as da manhã. E não porque os palestrantes tivessem peso menor, ao contrário, foram estrelas do mundo ambiental como Mohan Munasinghe, do IPCC da ONU, a ex-ministra e atual senadora Marina Silva e o vice-prefeito de São Gabriel da Cachoeira, André Baniwa, além do jornalista Washington Novaes e da atual diretora da Diagonal e ex-diretora de comunicação da Vale, Olinta Cardoso, que compuseram uma mesa renomada e autorizada.
Confesso que meu interesse particular convergia para a fala da Olinta, por conta de minha pesquisa sobre a Vale, mas os dois primeiros palestrantes, Mohan Munasinghe e Marina da Silva, extrapolaram seus tempos, tendo sobrado menos de 10 minutos para a Olinta falar. Embora respeite as posições, importância e legitimidade do IPCC e das lutas ambientais, a tendência preservacionista per se pode e deve ser mais debatido. Por exemplo, quando a ex-ministra criticou a postura de algumas empresas que confundem preservação ambiental com propaganda, como "pintar algo de verde ou plantar árvore não muda nada porque é preciso mudar antes a narrativa. Porque narrativa não é propaganda. Propaganda é mentira, e narrativa é ressignificar os objetivos da empresa". Essa satanização da propaganda, muito presente no senso comum e também nesses discursos ambientalistas, sempre dificulta o diálogo porque comunicação também é propaganda. Enfim, no final, Marina da Silva foi de longe a mais aplaudida pois seu discurso foi também muito combativo. Depois o Washington Novaes fez uma densa palestra, repleta de dados importantes, até pela sua enorme bagagem em relação a questão. Mas falar próximo do fim do evento e depois de duas falas tão extensas, prejudicou um pouco o acompanha
mento do seu raciocinio.
Por fim a Olinta, como alguém que vem da Comunicação, falou em até menos de 10 minutos e foi capaz de resumir coisas muito importantes como: pensar a comunicação empresarial é repensar a consciência social econômica e ambiental da empresa. Que há vários vetores para a sustentabilidade, mas que é a perspectiva relacional a principal. E que a comunicar é lidar com a criação de significados e, nas empresas, é preciso rever quase tudo relacionado a comunicação. A ciência da comunicação sozinha não dá conta de entender esses processos, precisa buscar outros componentes das ciências sociais. E o principal, que é preciso conhecer a fundo a história, a cultura e os conflitos dos públicos que se relacionam com as empresas. Pena que ela não pode aprofundar, mas apenas citar alguns pontos. Ao final, consegui o seu contato e vou entrevistá-la.
Enfim, um último comentário sobre os mediadores. Dos que vi em ação, Mona Dorf, Merval Pereira, Ricardo Kotscho e André Trigueiro, apenas o Ricardo Kotscho foi capaz de realmente mediar, ser espirituoso e astuto em seus comentários, relaxando o ambiente e tornando o diálogo muito mais profícuo entre os palestrantes e entre eles e a platéia. Os outros, globais de bancada, poderiam ver e aprender um pouco com o Kotscho.
sexta-feira, 8 de maio de 2009
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