quinta-feira, 30 de julho de 2009

Lucro da Vale despenca e a cobertura da mídia é tímida

O anúncio da queda do lucro da Vale no 2o trimestre de 2009 teve um destaque desigual entre os principais veículos desse país. Enquanto Globo.com e Estadão.com deram notas simples e logo as tiraram do destaque, em Belém apenas o portal ORM preproduziu a nota da Globo e o Diário do Pará nada deu. Incrível como uma nota denagtiva da companhia desapareça dos destaques em periodo de tempo tão curto. Apenas a Folha de São Paulo deu em chamada de capa do jornal impresso a notícia (edição de hoje, 30/7), que continua sendo destaque no site da Folha on line, mesmo passadas 24 horas do anúncio, o que na internet é quase uma eternidade. Então, fiquemos com a nota da Folha.

"Crise e real forte derrubam lucro da Vale".

Este resultado vem pior que a expectativa do mercado, pois o aumento no volume de vendas é anulado pela queda no preço do minério de ferro após crise.

Afetado pela redução do preço do minério de ferro e pelo câmbio, o lucro da Vale ficou em R$ 1,466 bilhão no segundo trimestre de 2009, queda de 81,5% na comparação com igual período de 2008 (R$ 7,9 bilhões), quando a economia global estava ainda aquecida. Foi o pior desempenho para tal período do ano desde 2003. Em relação ao lucro do primeiro trimestre (R$ 3,151 bilhões) deste ano, que já havia sido fraco por conta da crise, o lucro caiu 53,5%. O resultado surpreendeu negativamente os analistas, que esperavam lucro entre R$ 3,5 bilhões e R$ 4 bilhões. As ações da Vale ampliaram suas perdas após o anúncio do balanço da empresa. No pregão normal, que fechou antes de o resultado ser conhecido, a ação PNA da Vale caiu 1,69%. Já no "after market" - operações realizadas após o encerramento normal do pregão -, as ações alcançaram baixa de 3,54%. Segundo a Vale, dois fatores determinaram o pior desempenho: a valorização do real e a queda dos preços do minério de ferro. Juntos, reduziram o faturamento em R$ 3,6 bilhões. De abril a junho, a receita da companhia caiu 41,7% na comparação com o mesmo período de 2008 e somou R$ 11 bilhões. A redução de 28,2% no preço minério de ferro, principal produto da Vale, anulou o crescimento do volume de vendas do produto - de 3,6%. Apesar de ainda não ter fechado contratos com grandes clientes, como siderúrgicas da China, a mineradora informou que contabilizou todo o efeito negativo da diminuição dos preços no segundo trimestre. Como a Vale exporta quase 85% do que produz, a maior parte do seu faturamento é em dólar. Ao converter essa receita em reais, ela encolhe dada a valorização cambial - o real se valorizou em 16% ante o dólar no segundo trimestre. A variação cambial também obrigou a Vale a pagar mais Imposto de Renda. Só a despesa com o tributo cresceu R$ 2,3 bilhões. Desse modo, o câmbio e os preços mais baixos impediram que a Vale se beneficiasse da ainda tímida reação do mercado global, que consumiu mais ferro no segundo trimestre. A recuperação foi liderada pela China - cujas importações de minério de ferro cresceram 29% no primeiro semestre deste ano. No Brasil, as vendas também cresceram: 23% no segundo trimestre. Já os aumentos do cobre (30%) e do níquel (50%) no segundo trimestre geraram impacto positivo de R$ 431 milhões no faturamento.

Dívida
Apesar da expectativa de que a valorização do real reduzisse as despesas com dívidas, a Vale viu seu endividamento crescer: a dívida líquida subiu de R$ 6,2 bilhões no segundo trimestre de 2009 para R$ 8,3 bilhões no segundo trimestre deste ano. A empresa não informou os motivos no balanço. (PEDRO SOARES)

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